segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SEÇÃO RAIO-X Nº 34 - Ana Lima

Foto: Arquivo pessoal/Ana Lima

Gente boa e altíssima qualidade, assim podemos definir a entrevistada de hoje da Seção Raio-X.  No alto dos seus 30 anos de idade, a portuguesa Ana Garcia Lima (Jornal A Semana) que, há 08 anos, vive no Brasil, mais precisamente na cidade de Mogi das Cruzes/SP, é conhecida pela sua simplicidade e carisma.

Nascida em Lisboa, onde morou por 22 anos, Ana Lima é uma pessoa batalhadora que, quando acredita em algo ou em alguém, vai até o fim para defende-lo. Dona de uma timidez que, as vezes é confundida com antipatia (não é antipatia não gente, que fique bem claro rs), Ana também é muito sincera e transparente, do tipo que não consegue disfarçar o seu estado de espírito. “Quando estou mal, todos percebem”.

Confira abaixo a entrevista na íntegra desta pessoa que é trabalhadora, honesta e que não gosta de coisas erradas. “Quero ser igual a Jesus, confesso que não é fácil, mas Ele é meu exemplo. Sigo tentando rs”, concluiu.

Foto: Arquivo pessoal/Ana Lima

100C - Nos raros momentos em que você não está na redação, o que você costuma fazer e aonde você costuma frequentar para se divertir????
AL - Minha vida se divide entre antes do Antonio (meu filho de um ano e três meses) e depois do Antonio. Antes, eu fazia muita academia, corria, ia no cinema, saía com os amigos, dormia até não poder mais (ahaha). Agora com ele, quando não estou trabalhando quero ficar com ele, mordendo o pezinho de pão doce (haaha como mãe é boba). O tempo passa muito rápido, eles crescem num piscar de olhos, então gosto de aproveitar para ficar com ele! Já está na hora de cortar o cordão umbilical, né? Mas sou tranquila!

100C - Porque você veio para o Brasil?
AL - Um pouco antes de me formar, conheci o meu marido, brasileiro, lá, onde ele estava morando. Quando eu me formei e com as dificuldades para conseguir emprego na área, decidimos vir para o Brasil. Primeiramente viríamos mais para ele conseguir a documentação para morarmos lá, mas Deus virou a nossa vida do avesso e ficamos por aqui mesmo, na terra do caqui rs.

100C - Tem planos de voltar para Portugal e exercer o jornalismo por lá?
AL - Se eu quiser ser explorada, com certeza! rs Falando sério, não penso nisso não, lá não tem muita oportunidade na área. É um país pequeno, muita gente formada, não tem lugar para todos. Mas tenho muita saudade de lá, do clima, da comida, das pessoas, do fado.

100C - Por que o jornalismo?
AL - Sempre gostei de escrever e sempre elogiavam meus textos. Eu fazia até poesias! Então achei que a área que tinha mais a ver comigo era o jornalismo, porque eu gostava de contar histórias. Meu professor implorou para não fazer jornalismo. “Tudo menos isso, Ana, por favor”. Acho que o deveria ter escutado! rs

100C - Qual foi a sua trajetória no jornalismo?
AL - Em Portugal eu estagiei no jornal Correio da Manhã, cobria mais matérias para a editoria de Polícia (medo! rs), mas também fazia reportagens para outras editorias. No Brasil, em 2007, fiquei uns seis meses no Folha de Mogi. Quando me mudei definitivamente para cá, em 2008, comecei como repórter no A Semana, onde fiquei quase dois anos. Fiquei quase dois anos também na Exibir Comunicação e fiquei uns meses na Focoh, em Suzano. E desde junho de 2012 sou editora do A Semana.

100C - O que é melhor, redação ou assessoria de imprensa?
AL - Redação é melhor porque tem menos rotina, é mais o “verdadeiro” jornalismo, mas hoje em dia, infelizmente, muita redação é assessoria disfarçada.

100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
AL - A melhor foi fazer a cobertura da ocupação no Morro do Alemão, em 2010. Fui com a Miliane Moraes e o fotógrafo Gerson Junior para fazer uma matéria para a revista Exibir Gospel, sobre o papel das igrejas evangélicas nas favelas. Chegamos lá no dia seguinte da ocupação, tivemos fuzil apontado para as nossas caras e éramos sempre revistados. Era clima de guerra mesmo, tinha até porco morto na rua! Encontramos umas crianças brincando num beco e paramos para conversar com eles, o pai tinha ido embora e a mãe trabalhava o dia inteiro na Zona Sul. Eram umas cinco crianças, o mais velho tinha uns 10 e tinha uma pequenina de uns 2. Fiquei triste porque eles ficavam sozinhos e eram uma isca fácil para os bandidos, mas a matéria em si foi um grande desafio, porque precisei passar por cima da minha ideia pré-concebida sobre crime na favela.

Pior pauta – nenhuma em particular, mas aquelas que não viram nada, que o entrevistado demora para responder, que a assessoria fica blindando informação, fura... Dá um desespero, do tipo: “E agora, fulano, o que coloco na página, pode me explicar?”.

100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo na região que você admira o trabalho.
AL - Nelson Camargo, do atual Impresso Brasil. Foi ele que me deu a primeira oportunidade aqui na região, acreditou em mim. Nunca vou esquecer da festa de despedida que o pessoal do Folha de Mogi fez para mim quando voltei para Portugal. Amo todos eles.

Marta Vicentin, foi minha editora quando era repórter do A Semana. Foi e é minha grande mentora, virou uma amiga muito especial e exemplo a seguir.

Miliane Moraes, que me deu várias dicas sobre construção de texto e assessoria. Do tempo que trabalhei com ela, aprendi muito, sei que ela é muito esforçada para provar sua competência.

100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o jornalismo?
AL - Alegria é sempre que um entrevistado elogia minha matéria. Também gosto muito quando vejo os ex-estagiários do A Semana crescendo na profissão. Fico muito orgulhosa de todos eles e sou amiga de todos! Agora, decepção é a desvalorização dos profissionais, as panelinhas, os egos inflados e o provincianismo.

100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
AL - Seria bem bacana mudar o layout do blog!

100C - Destaque um ponto positivo e um negativo do 100C.
AL - Acho legal reunir os causos do jornalismo regional! Não tem nenhum ponto negativo.

100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
AL - Eu gosto de conhecer pessoas com histórias para contar, de saber que eu terei a responsabilidade de as apresentar para o leitor. Odeio o chamado chá de cadeira, esperar pelo entrevistado. E quando não tem comida nas coletivas também (rs).

100C - Você tem algum trabalho paralelo ao jornalismo? (ex.: blog, freela, entre outros)
AL - Tenho um blog, o Agora aos 30, que é um hobby, para escrever mesmo como desabafo. Freela não tenho, mas gostaria (rs)

Foto: Arquivo pessoal/Ana Lima

Perguntas para quebrar o gelo:

100C - Conte duas ou mais situações engraçadas que você passou no jornalismo.
AL - Ah, quando fomos lá no Morro do Alemão, fomos até o topo lá e começamos a tirar fotos, posando, fazendo V da vitória e coisas do gênero. Aí comecei a olhar em volta, tudo vazio e um monte de casa abandonada. E eu falei, “Ai gente, vamos embora, tou com medo. E se atiram na gente?”.

Aí teve outra vez na Revista Leve, que fomos fazer uma matéria numa reserva de índios que tem perto da Índio Tibiriçá. O Félix Romanos foi com a gente, aí conversamos com o cacique e, no final, o Félix aceitou o convite do cacique (não lembro o nome dele) para receber uma reza, um tratamento, sei lá. Aí o Felix ficou em pé, descalço, e o moço dançando e cantando em volta dele. Eu quase fiz xixi de vontade de rir. No final quando fomos embora, perguntamos para ele se ele tinha sentido algo e ele foi firme: “Não”. Esse dia foi louco.

100C - Destaque três atuais e três ex-companheiros de trabalho que você classifica como “fora do normal”, seja pela personalidade, loucura ou coisas do tipo. Explique:
AL - Nossa, loucos somos todos, não é verdade? Rs Gosto muito da Khadidja, ela foi uma grande incentivadora quando eu vim para o Brasil, me ajudou e sempre foi uma profissional que, a meu ver, nunca gostou de panelinha e sempre se preocupou com o real sentido de ser jornalista. Isso é um ponto a favor. Tem o Luiz Domingues também, apesar de nunca ter me deparado com ele em nenhuma pauta, hoje conversarmos bastante e acho interessante o fato dele ter um entendimento forte de política regional. Tem também a Márcia Dias, ela e seus causos me divertem bastante! Agora dos atuais colegas eu me divirto com o Lucas Meloni, Maiara Barbosa e Douglas Pires.

Foto: Arquivo pessoal/Ana Lima

Ping Pong

100C – Time
AL - São Paulo

100C – Desejo
AL - Ver meu filho crescer com saúde, ser um homem honesto, temente a Deus e feliz.

100C – Música
AL - Escuto muito louvor e gosto de rock. Como sou meio analfabeta musical (rs) quando o assunto são os hits da atualidade, eu gosto dos antigos, Coldplay, Bon Jovi, Oasis...

100C – Jornalismo
AL - Uma relação de amor e ódio

100C – Passado
AL - Aprendizado com os erros

100C – Presente
AL - Matar um leão por dia

100C – Futuro
AL - Saber que o futuro a Deus pertence, mas que cabe a nós fazer as escolhas certas

100C – Se defina em uma única palavra
AL - Lutadora

100C – Deixe um recado para os alunos sonham ingressar no jornalismo.
AL - Não façam isso! (rs) Brincadeira. Aconselho a pensarem bastante, estudarem muito, se especializarem e se manterem informados sobre o que acontece. 90% dos jornalistas estão longe daquele glamour que atrai muitos sonhadores.

100C – Sugestão de três nomes que você gostaria de ver nesta seção:
AL - Noemia Alves, Luiz Domingues e Marta Vicentin

Foto: Arquivo pessoal/Ana Lima

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4 comentários:

  1. A gente zoa a Ana, mas ela é uma fofa. Parabéns, Ana!

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  2. A gente zoa a Ana, mas... é isso aí kkk Brincadeira. A Ana é gente boa demais, competente, parceira. O único vacilo foi ter vindo pra este fim de mundo kk

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