segunda-feira, 2 de novembro de 2015

SEÇÃO RAIO-X Nº 31 - Amarildo Augusto

Foto: Arquivo pessoal/Amarildo Augusto

O 100C tem o orgulho de apresentar a entrevista com esse grande “monstro” do jornalismo do alto Tietê/SP. O mogiano Amarildo Augusto, no alto dos seus 49 anos, ainda desfila com o seu conhecimento jornalístico para a alegria dos leitores do Jornal Popular (Itaquaquecetuba/SP) que têm a possibilidade de apreciar a notícia precisa e muito bem apurada.

Amarildo é um cara perfeccionista, exigente e quase sempre bem humorado, mas com os seus momentos de ranzinza também, além de estar sempre de bem com a vida, ou seja, como ele mesmo se define: “Um sujeito normal”. Você vai ter a oportunidade de conhecer mais deste camarada que é caseiro, mas que não recusa uma praia sempre que é possível.

Foto: Arquivo pessoal/Amarildo Augusto

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

100C - Por que o jornalismo?
AA - Foi quase um acaso. Eu queria trabalhar no rádio, ser locutor. Entrei na Universidade Braz Cubas, em 1989, para fazer o curso de Rádio e TV, que foi fechado no semestre seguinte. Jornalismo foi a opção mais lógica. Me apaixonei.

100C - Qual foi a sua trajetória no jornalismo?
AA - Se fosse uma entrevista para jornal impresso, iria faltar papel. Mas vamos lá. Comecei como revisor em O Diário de Mogi, ainda no primeiro ano da faculdade. Na época não havia essa coisa de estágio. Pouco mais de um ano depois passei a repórter de Esportes, em seguida fui para a editoria de Cidades. De lá, levado pelo meu grande mestre Celso de Freitas, me transferi para a antiga Rádio Excelsior, como rádio-escuta, onde tive o privilégio de estar na redação no dia 1º de outubro de 1991, quando a emissora se transformou em Rádio CBN. Lá, fui assistente de produção também. Saí para atuar como assessor de Imprensa do Sindicato dos Hospitais de São Paulo, depois repórter do jornal da Associação Paulista de Medicina. Voltei para a Rádio CBN, sai outra vez para assumir a editoria de Esportes do Diário de Suzano, novo retorno para a CBN (última passagem, mais longa, de quatro anos), repórter do Mogi News. Em 2003, dei um tempo das redações e me aventurei como professor universitário de Jornalismo no Centro Universitário Adventista, em Engenheiro Coelho, região de Campinas, onde também passei quatro anos. Novo retorno para o Mogi News, agora como editor, até assumir a diretoria de Comunicação da Prefeitura de Arujá, por outros quatro anos. Desde 2013, estou editor-chefe do Jornal Popular, com meus sócios Wilson Garcia e Chico Rosas. Ao todo, estou completando em janeiro próximo, 26 anos de estrada.

100C -  O que é melhor, redação ou assessoria de imprensa?
AA - É relativo. Há assessorias muito difíceis de atuar, quase sempre por conta do assessorado, e assessorias mais prazerosas. Assessoria para órgão público sempre é mais fácil porque a geração de informações é automática. Também há redações que são complexas e outras que te dão muita satisfação.

100C - Qual foi a pior e a melhor pauta que você cobriu?
AA - Não acho que exista uma pior pauta. Eu costumava dizer para meus alunos que se você tem o jornalismo como paixão e entende a relevância e a importância do que você faz, cobrir buraco de rua é gratificante porque com a sua intervenção você pode trazer um benefício para o cidadão que está sendo afetado por aquele problema. Melhor pauta, aí sim. A reportagem da qual tenho mais orgulho foi a cobertura do caso de trabalho análogo à escravidão que descobri em 2001, se não me engano, durante a construção do Centro de Detenção Provisória no Taboão, em Mogi das Cruzes. Uma empreiteira buscava trabalhadores no município de Icó, no Ceará, trazia pra cá, tomava os documentos deles e não pagava salários. Recebi a denúncia e descobri os alojamentos onde eles ficavam. Foram meses de denúncias até conseguir que eles tivessem alojamentos e alimentação dignos.

100C - Se possível, destaque três colegas do jornalismo na região que você admira o trabalho.
AA - Tenho muitos amigos na região, embora tenha passado a maior parte da minha carreira fora do Alto Tietê. São tantos profissionais competentes que se eu citar três, certamente vou cometer alguma injustiça por não citar outros. Essa eu passo.

100C - Qual foi a sua maior alegria e a maior decepção com o jornalismo?
AA - Nesses 26 anos de carreira entrevistei muita gente, aprendi sobre muitos assuntos, contribui de alguma forma para denunciar muitos problemas. Mas acho que a maior alegria foi ter tido a oportunidade de ensinar muitos jovens sobre essa profissão que eu amo muito. A maior decepção acho que foi também relacionada ao ensino de jornalismo, quando percebi os cursos de jornalismo estão cada vez mais distantes da realidade do mercado, do dia a dia da profissão e cada vez mais dominadas pelos teóricos, boa parte deles que jamais vivenciou aquilo que escrevem em suas teses. Não consigo enxergam jornalismo desse modo.

100C - Você tem alguma sugestão para o 100 Comunicação?
AA - Senti falta do blog nessa parada. Sempre lia e acompanhava. Agora que voltou, minha sugestão é: não pare mais.

100C - Destaque um ponto positivo e um negativo do 100C.
AA - O conceito de apresentar o dia a dia dos coleguinhas da região é o maior barato. O que pode melhorar? Talvez a frequência de noticias possa ser maior, embora eu sei que não é fácil manter esse trabalho.

100C - O que você mais gosta e o que você mais odeia nas pautas?
AA - Como editor-chefe e professor digo que o melhor das pautas é quando elas são criativas e bem trabalhadas. O pior é quando o repórter não entendeu nada do que a pauta pedia e o material final é de fazer o editor sentar e chorar.

100C - Você tem algum trabalho paralelo ao jornalismo? (ex.: blog, freela, entre outros)
AA - Sem chance. O jornal me toma tanto tempo que mal dá para respirar.

Foto: Arquivo pessoal/Amarildo Augusto

Perguntas para quebrar o gelo:

100C - Conte duas ou mais situações engraçadas que você passou no jornalismo.
AA - Engraçada eu não digo. Curiosa, talvez. Como o blog tem o propósito de mostrar um lado diferente do trabalho jornalístico, talvez valha a pena contar o que jornalistas são capazes de fazer enquanto esperam uma pauta. Na minha primeira passagem pelo Mogi News, eu acompanhava o desfecho de uma crise na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Se a memória não me falha, eu acompanhava uma reunião do Conselho Municipal de Saúde, na Prefeitura, em que algumas decisões importantes seriam tomadas. Eu, pelo Mogi News, e os colegas de quase todos os veículos da cidade. Enquanto esperávamos do lado de fora, o assunto futebol surgiu. Nós do Mogi News jogávamos toda semana e nessa conversa soubemos que TV Diário tinha um pessoal também, O Diário de Mogi, idem, Diário de Suzano. Quando um começou a convidar o outro para jogar contra, a pauta demorou tanto que no final nós saímos de lá com I Copa Imprensa de Futsal praticamente organizada. Naquele mesmo ano, oito órgãos de imprensa disputaram a competição, em que nós terminamos em terceiro lugar. Entre os organizadores, junto comigo, estavam os meus queridos amigos, o fotógrafo Cleomar Macedo e o jornalista Alexandre Barreira.

100C - Destaque três atuais e três ex-companheiros de trabalho que você classifica como “fora do normal”, seja pela personalidade, loucura ou coisas do tipo. Explique:
AA - Atuais: Chico Rosas: perspicácia e visão além da conta.
Vou ficar em um só por ser o único profissional com quem atuo mais proximamente.
Ex: Chico Pinheiro, apresentador do Bom Dia Brasil e ex-âncora da CBN: bom humor e competência na medida certa.
Roberto Nonato, âncora da CBN: melhor entrevistador, ao vivo, com quem já atuei.
Nadja Cortes, atual diretora de Comunicação da Prefeitura de Arujá, o melhor texto que já editei.

100C - Não satisfeito em ter optado pelo jornalismo, você ainda arrastou a pobre Carolina Nogueira para a profissão, você pensa em abrir um jornal no estilo “Family News”?
AA - A escolha da Carolina pelo jornalismo foi completa surpresa pra mim. Ela estava no Ensino Médio pela manhã e à tarde ou à noite ela assistia algumas aulas minhas. Um belo dia, ela decidiu que faria Jornalismo também. Eu nunca forcei. Mas, hoje ela tomou juízo e meio que bandeou para a Publicidade. Afinal, alguém tem que ganhar dinheiro nessa família, não é verdade?

Foto: Arquivo pessoal/Amarildo Augusto

Ping Pong

100C – Time
AA - Todo Poderoso Timão, hexacampeão brasileiro em 2015

100C - Desejo
AA - Ser feliz ao lado da minha família

100C - Música
AA - Um bom jazz, um blues, MPB, um pouco de rock clássico

100C - Jornalismo
AA - Paixão

100C - Passado
AA - Me ensinou muito, com coisas boas e várias porradas, e me preparou pra ser o que sou hoje

100C - Presente
AA - Estou curtindo

100C - Futuro
AA - A Deus pertence

100C - Se defina em uma única palavra
AA - Intensidade

100C - Deixe um recado para os alunos sonham ingressar no jornalismo.
AA - Leia jornal todos os dias. Quando você cansar de ler, leia outro jornal. Então descanse um pouquinho lendo mais um jornal.

100C - Sugestão de três nomes que você gostaria de ver nesta seção:
AA - Nadja Cortes, atual diretora de Comunicação da Prefeitura de Arujá
Luciano Amaral, assessor de Imprensa da Prefeitura de Itaquá
Vou ficar devendo o terceiro.

Foto: Arquivo pessoal/Amarildo Augusto

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